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A CALMA ABSOLUTA



“O conhecimento da LEI à qual todos obedecemos conscientemente, nos torna senhores dos elementos adversos e nos permite aniquilar seus efeitos perniciosos." 

Qual é essa LEI que nos pode fazer passar do estado anormal de moléstia ao estado normal de saúde? Sem indicar essa LEI, Mann diz que sua base é a calma absoluta, e explica: 

"Sabe-se que o poder motor, a atividade no corpo humano, reside na emoção; nada se faz sem o consentimento desta faculdade”

 Se ela não dispõe de seu equilíbrio, a atividade que se produz em nós e que é transportada pelos nervos, depois pelas fibras, até as partes mais afastadas de nosso ser, se efetua com intermitências (intervalo) produz-se uma comoção, e o sistema inteiro fica como que envenenado por esta ruptura (ato de romper) de equilíbrio. Isto pode ser momentâneo ou permanente. 

No primeiro caso, é uma indisposição mais ou menos grave; no segundo, é moléstia crônica. A moléstia não é a mesma para todos, pelo motivo seguinte: cada um tem em si um ponto fraco, e cada vez que uma emoção viva se apodera de nós, os efeitos dessa emoção (ruptura de equilíbrio) se fazem sentir nesse ponto. Daí a tuberculose, se os pulmões forem fracos, as pedras, os cálculos, etc. A ruptura do equilíbrio se manifesta primeiramente sob a forma de fraqueza ou dor aguda, e depois, se esse estado de coisas perdura, sob a forma de moléstia, torna-se crônica".

 As personalidades científicas mais em voga (que está em destaque) manifestam amplamente estas opiniões.

 Os sofrimentos morais provocam sofrimentos físicos e exercem uma influência sobre o nosso organismo. Mais ainda, escreveu o Dr. Levy, não exercem eles uma repercussão muito real e frequente sobre esse organismo? Medo, surpresa, cólera, inquietações, aborrecimentos, numa palavra, pensamentos emotivos de toda espécie, eis aí o que encontramos de ordinário, como ponto de partida da histeria, neurastenia, de todas as desordens nervosas mais ou menos precisas, que não são mais do que a história amplificada da ação dos "movimentos da alma" sobre nosso organismo.

 O medo é seguido de tremores, pulsações violentas, desarranjos intestinais; o tremor de frio, a paralisia momentânea. A tristeza traz a secreção das lágrimas, a inapetência (falta de vontade, de desejo) digestões penosas, abatimento geral. A ansiedade provoca o estreitamento do estômago, a palidez do rosto, a contração das feições, a insônia, etc. É mister (algo de elevada importância) uma terapêutica moral para resguardar e conservar a saúde, terapêutica essa baseada na tranquilidade e quietação. Como, porém, obter essa tranquilidade? 

Mann dá este conselho: “Forme em sua imaginação que” é uma faculdade criadora, o seu retrato vivo, não como é, mas como deveria ser, isto é, inteiramente calmo, satisfeito, contente, feliz; imagine que os vejam em atitude tal que nada possa abalar sua calma nem seu contentamento. Imagine você com a fisionomia alegre e calma, cujos traços não se mudarão se não para sorrir. Se este aspecto não se apresenta à sua imaginação ao primeiro esforço, recomece muitas vezes, e que cada dia veja um retrato seu mais perfeito do que o do dia anterior. 

Quando puder se ver nesse estado perfeito de calma absoluta, contemple essa imagem durante uns vinte minutos. Essa contemplação deve ser feita, de preferência, no leito, devendo começar alguns minutos depois de se deitar, durante, como já disse, uns vinte minutos. Se adormecer durante o tempo dessa contemplação, melhor ainda. “Pela manhã, recomece essa contemplação e continue enquanto se sentir bem”. 

"O pensamento é um ato no estado nascente, é um começo de atividade"

 "A transformação da ideia em ato pode operar-se conforme dois caminhos diferentes. Ou a ideia se torna ato positivo, isto é, sentimento, lição, sensação, movimento; ou então se torna ato negativo, ou por outras palavras, neutraliza o ato; impede a produção do sentimento, da volição, (ação de escolher ou decidir) da sensação, do movimento" (Levy).

 Se a ideia pode, pois, tornar-se ato positivo ou negativo, é claro que se precisa fixá-la num estado de calma, para obter a quietação do espírito ao mesmo tempo em que a do corpo, pois a ideia também neutraliza a sensação. "Antes da invenção do clorofórmio, diz Carpentier (citado por Ribot em a Psicologia da Atenção), os pacientes suportavam, às vezes, violentas operações sem dar sinal algum de dor, e depois declaravam que nada haviam sentido, e isto por haverem concentrado seu pensamento, por um esforço poderoso da atenção, em algum objeto que o prendia inteiramente."

 Por conseguinte, diz Mann, imaginação, e depois contemplação, é o primeiro passo para a cura. Este estado de pacificação interna, imposto por Mann, é chamado "prece mental" pelo Dr. Baraduc; "concentração do pensamento" pelo Dr. Milot; "governo mental" pelo Dr. Raily. 

Essa pacificação interior é realmente um esforço individual, que Mann provoca nos doentes, e não uma imposição arbitrária da sua vontade pessoal. É nisso que o método Mann (técnicas que não dependem de dados), difere completamente de todos os outros métodos, que são resumidos pelo Dr. Bernheim, da Faculdade de Medicina de Nancy, quando diz: 

"A vontade pode intervir utilmente em terapêutica quando é dirigida por uma ideia, por uma sugestão ativa que incita a célula cerebral a fazer trabalho de dinamogenia (exaltação funcional de um órgão) ou de inibição curadora".

O método Mann consiste, afinal, em excitar o desejo e não na imposição de uma vontade exterior e estranha


Autor: A. Lalia Paternostro

Obra: “Projeto dos Eflúvios Vitais”

Comentários

  1. Conheço tais circunstâncias, com uma certa propriedade. Advindas de terceiros, que me rodearam um longo caminho. Eu não escapei desses efeitos, pois além do tempo, que estiveram presentes, eu não provia de recursos, para dribá-los. Hoje, embora ainda me rondem, consigo enxergar o momento de neutralizá-los.

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