Primeiramente gostaria de agradecer pelo seu interesse neste tema e por
me dar a oportunidade de falar sobre algo tão profundo e significativo. Quero
dizer que as informações aqui apresentadas são fruto de minhas observações
pessoais a respeito de minha própria vida e das observações que tenho feito das
pessoas ao meu redor. Penso que você não deve toma-las como verdades absolutas,
mas sim como possibilidades que possam contribuir para abrir sua mente a uma nova percepção.
A pergunta mais importante do Universo é : Quem Eu Sou? Mas poucos,
muito poucos são capazes de faze-la com sinceridade e buscar uma resposta no
íntimo do seu ser.
As máscaras
A sociedade está doente. Vemos uma verdadeira epidemia de “eus”
inflamados e “eus” deprimidos, porque todos estamos fortemente apegados ao nosso
eu pessoal, que no fundo é apenas uma máscara que usamos para sobreviver neste
mundo de incertezas.
Não Sabemos quem Somos. E a dúvida e incerteza são devastadoras para
a Psique Humana. Por isso criamos mascaras. Uma falsa verdade é
melhor que a insegurança. Mas as máscaras caem diante da realidade e geram depressão. Criamos
outras mascaras e ficamos eufóricos.
Projetamos nossas sombras nos outros e os acusamos, por algo que somos. E odiamos aqueles
que nos mostram nossos reflexos.
Os Arquétipos
A formação da Psique humana passa pelos Arquétipos. Os arquétipos são
imagens ideais, projetadas nos Mitos desde tempos remotos e segundo Jung,
compõem o inconsciente Coletivo, de onde bebemos para formar nossa própria
psique individual. Mas eles são realimentados continuamente pelos personagens
vivos que os representam no nosso dia a dia, tais como mãe, pai, chefe, líder,
mestre, guerreiro, curador, etc.
Muitos destes personagens que participaram de nossa formação são fracos
e deteriorados e por isso muitas vezes seus reflexos internos em nossa psique são
devastadores.
Mas sempre podemos fazer uma troca destes arquétipos por outros cheios
de conteúdo e energia, descartando ou subvalorizando os antigos, mas isso
requer a ajuda de um especialista na Psique humana, o Psicólogo.
O Mito de Pandora
O Mito de Pandora representa aquela mulher que foi enviada pelos deuses
para castigar os homens pela sua ousadia em desafia-los. Eles guardaram em uma
caixa toda maldade e pecados para acabar com a paz reinante entre os homens, mas Pandora pela sua curiosidade abre a caixa e liberta todas estas maldades em
forma de sombras que encobrem a visão dos homens.
Mas quem tem coragem de abrir a sua própria caixa de Pandora ?
Quem está preparado para conhecer a sua verdade? Será que só
encontraremos sombras, ou será que existem perolas e brilhantes no fundo do
lodo? "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"
Entrevista com quatro Personagens
Então sai em campo para perguntar as pessoas como elas se enxergam, e pedi que fizessem a seguinte pergunta a si mesmas: Que Eu Sou?
O operário
Perguntei a um Operário de obras e ele me disse que era um eficiente trabalhador,
honesto e cumpridor de suas obrigações, que no que ele faz eu podia confiar.
Ele sabe colocar pedra sobre pedra e construir grandes obras. Mas que não
duvidasse da capacidade e honestidade dele, porque sua reação seria severa.
A jovem
Perguntei a uma Jovem e ela me disse que era bela e sensível, que podia
sentir o frescor e o perfume das flores, se encantar com o barulho dos pássaros
e dos riachos. Que se apaixona facilmente e se deixa encantar pela vida, mas
que espera sempre que as pessoas reconheçam a sensibilidade que coloca na vida.
Ela sente cada coisa e percebe tudo através deste sentimento, mas se aborrece
facilmente quando não é correspondida.
O Intelectual
Perguntei a um Intelectual e ele me disse que era sábio, que conhecia
todas as leis da natureza e que era capaz de decifrar todos os enigmas. Sua
maior paixão são os mistérios e sua mente se perde nas reflexões a tal ponto
que ele parece se desligar de tudo, mas sempre encontra a formula certa e a
solução para todos os problemas. Senti uma certa vaidade nele, mas não quis
contrariá-lo.
O monge
Então perguntei a um Monge e fiquei muito surpreso com a simplicidade de
sua Resposta. “Eu Sou”
Os quatro Caminhos
Swami Vivekananda em seu livro “As quatro Yogas de Auto realização” fala
de quatro caminhos, que representam diferentes níveis de consciência. Na
Índia é muito comum a ideia que as pessoas estão em graus diferentes, e a sociedade indiana, durante muitos anos foi dividida em castas separando as pessoas em níveis diferentes. Yoga significa Reunir-se com Deus. As quatro Yogas principais de que fala o mestre são : Karma Yoga, Bhakti Yoga, Jnana Yoga e Dyhana Yoga, representando sucessivamente a consciência física, emocional, mental e espiritual.
Segundo o pensamento do mestre, estes quatro caminhos diferentes explicam quase todas as religiões do mundo e que as pessoas passam por cada uma destas fazes em épocas diferentes de suas existências, mas que na verdade eles representam degraus de uma grande escada da evolução humana.
Segundo sua visão as pessoas não estão exatamente em apenas um destes níveis, mas vivenciando simultaneamente cada um deles em graus diferentes de consciência. Por exemplo, uma pessoa pode ter uma consciência física bem forte, ter os pés no chão, mas não ter uma boa consciência de suas emoções ou mesmo de seus pensamentos e estar bem distanciada de questões espirituais. Ao contrario outras pessoas tem uma boa consciência espiritual, mas falta-lhes sendo de praticidade e podem ser emocional e mentalmente imaturas. O que se busca é o equilíbrio perfeito em todos os planos e uma consciência plena de sua própria natureza interna.
Segundo sua visão as pessoas não estão exatamente em apenas um destes níveis, mas vivenciando simultaneamente cada um deles em graus diferentes de consciência. Por exemplo, uma pessoa pode ter uma consciência física bem forte, ter os pés no chão, mas não ter uma boa consciência de suas emoções ou mesmo de seus pensamentos e estar bem distanciada de questões espirituais. Ao contrario outras pessoas tem uma boa consciência espiritual, mas falta-lhes sendo de praticidade e podem ser emocional e mentalmente imaturas. O que se busca é o equilíbrio perfeito em todos os planos e uma consciência plena de sua própria natureza interna.
As Necessidades Hierárquicas de
Maslow
Maslow formulou que as pessoas são movidas por necessidades e que existe
uma hierarquia de valores, começando pelas necessidades físicas, evoluindo para
as mais sutis, como necessidade de segurança, necessidades emocionais, auto
realização etc.
Segundo ele, enquanto uma necessidade de um nível não for atendida a pessoa não demonstra interesse por coisas do nível superior, mas uma vez que ela esteja satisfeita, imediatamente a pessoa busca coisas maiores.
Necessitado não é quem não tem, mas quem procura. Assim como o
desempregado é quem está procurando emprego e não apenas quem está desocupado.
O que faz você precisar de algo no degrau acima é uma espécie de luzinha
se acende quando você está pleno no nível em que se encontra. Nossa consciência fica presa na nossa necessidade e Só pensamos "naquilo", e somos capazes de esforços imensos para conseguir o que precisamos.
A natureza só dá aquilo pelo qual você se esforça, mas se você não
precisa você não se esforça. Mas quando conquistamos determinada coisa, o medo de perde-la explica a necessidade de buscar o que está acima.
Os quatro entrevistados então, representam simbolicamente quatro níveis
diferentes de consciência. O nível da consciência Física, Emocional, Mental e
Espiritual. Não que sejam somente estes quatro, mas fica mais fácil dividir
desta forma e estas quatro divisões tem sido adotadas pela maioria dos
estudiosos da natureza humana desde a antiguidade. Elas são representadas
simbolicamente pelos elementos Terra, Água, Ar e fogo, que no fundo são
arquétipos fundamentais da psique humana.
O Nível da Consciência Física –
O Caminho da Ação.
Karma yoga representa o envolvimento com tarefas rotineiras voltadas as
coisas materiais. É o caminhar sobre a terra firme, cuidando de assuntos
práticos do dia a dia, com muitos afazeres e rotinas e muitas preocupações e
coisas para cuidar. Não sobra tempo para quase nada.
Você já viu um operário com depressão? Quanto mais próximo das
atividades físicas, mais a mente fica presa e ocupada, e também adquire maior
estabilidade. Por isso este estado de consciência é representado pela Terra que
é uma das coisas mais estáveis que conhecemos. Esta solidez e firmeza são a
base da estabilização da Pisque humana e com ela aprendemos a lidar com todas
as demais coisas da vida.
Ela faz uso da Logica e analise sequencial. Um passo de cada vez, e
vivencia os limites e formalidades. Evidência a necessidade de segurança e
estabilidade, necessidade de medir, pesar e comparar. Tem necessidade de lidar
com o conhecido, pois isso traz equilíbrio e segurança, e também evidência o medo
do desconhecido.
É a necessidade de sustentação física e a capacidade de se auto prover
financeira e materialmente.
O Nível da consciência emocional – O Caminho da Devoção
Bhakti Yoga é a vivencia das emoções. As sensações vêm de todas as
direções como uma enxurrada que nos dão profundidade, mas também se espalham por
todo nosso ser gerando aflições, exatamente como as águas, que uma vez misturadas não se pode mais identificar claramente suas partes.
É o desenvolvimento da atenção aos sentidos e emoções, a necessidade de
sentir as coisas mais do que compreender. A necessidade de equilibrar os
sentimentos.
A vivencia da consciência emocional leva a busca por soluções de contorno para os conflitos, desenvolve a sensibilidade com o sofrimento dos outros, e produz a empatia.
Traz também a necessidade de aprender a sustentar o equilíbrio emocional, separando as emoções e não permitindo que o ser
seja totalmente invadido e paralisado por elas.
A separação das águas do Mar Vermelho, conforme ensinou Moisés, tem aqui um significado simbólico muito profundo. É através do aprendizado de lidar com as formas e a disciplina, com a separação lógica e sequencial, que a pisque aprende a reter as ondas de diferentes emoções e não se deixar invadir por elas. Não se trata de uma frieza emocional, mas a limitação da emoção ao campo de ação que ela representa permitindo que a pessoa se mova entre as emoções com momentos de serenidade e razão.
O Nível de consciência mental – O Caminho do Conhecimento.
Jnana Yoga é a vivencia da Fertilidade e riqueza da mente, a capacidade
de expressão e comunicação com excessiva riqueza de detalhes. Semelhante ao
Vento, o pensamento tende a se espalhar em todas as direções. E como o ar, as ideias não
podem ser vistas a não ser pela sua expressão e realização.
Este nível de consciência desperta grande interesse pela teoria, pelo conhecimento e pela busca da verdade e perfeição nas formas e nas ideias. Mas também produz frieza e distanciamento emocional. e as vezes um certo rigor, e estimula a vaidade. A dispersão das ideias evidencia a necessidade de manter a mente em equilíbrio e produzir a realização através da concentração e domínio mental evitando permanecer no mundo dos sonhos e planos perfeitos que nunca se realizam.
Este nível de consciência desperta grande interesse pela teoria, pelo conhecimento e pela busca da verdade e perfeição nas formas e nas ideias. Mas também produz frieza e distanciamento emocional. e as vezes um certo rigor, e estimula a vaidade. A dispersão das ideias evidencia a necessidade de manter a mente em equilíbrio e produzir a realização através da concentração e domínio mental evitando permanecer no mundo dos sonhos e planos perfeitos que nunca se realizam.
O Nível da consciência espiritual – O caminho da Meditação
Dyhana Yoga é a vivencia da consciência integral. A multiplicidade de
experiências e conflitos em todos os níveis, físicos, emocional e mental.
Semelhante ao Fogo que arde e tanto pode destruir como pode reformar e recriar.
Sem controle é uma força destruidora e para lidar com ele é necessário utilizar
todos os conhecimentos adquiridos pela vivencia física, mental e emocional
simultaneamente.
É a necessidade de auto sustentação e amadurecimento. O Espirito é
ilimitado, mas para viver a experiência da vida precisa vivenciar a limitação,
pois os recursos como tempo e o espaço por exemplo são finitos. Ao
vivenciar a limitação a consciência reconhece então a sua amplitude.
Cada uma das muitas experiências vivenciadas traz uma nova habilidade e
uma nova capacidade de auto sustentação e um distanciamento cada vez maior da
situação.
Provavelmente será um tempo difícil. E não importa o tipo e o tamanho do
problema, não importa se você está escalando uma grande montanha ou se está
saindo de um grande buraco. O importante é que você está olhando para cima,
aprendendo a dar um passo de cada vez construindo alguma coisa, e assumindo o
controle das situações de sua vida.
Não existem problemas grandes e problemas pequenos, pois tudo acontece
dentro da gente. A mesma força que você usa para varrer o chão ou lavar uma
louça pode ser usada para construir um grande empreendimento. Tudo depende da
forma como fazemos as coisas.
Como disse o Mestre Cham no filme Karate Kid: "Tudo é
kung-fu, kung-fu está em tudo que você faz, na maneira como trata as pessoas e
na maneira como faz as coisas." Em outras palavras, não existem problemas
materiais, emocionais, mentais e espirituais, tudo é espiritual. Tudo depende
da consciência que você emprega naquilo que faz. Um simples jardim pode ser
algo grandioso e uma grande empreitada empresarial pode ser algo medíocre.
As águias
O Que se busca é a sustentação acima das circunstancias, como se
estivesse voando sobre elas. Como as águias que se sustentam no ar e permanecem
nas alturas a maior parte do tempo. Quando precisam caçar descem em direção a
sua presa, mergulham e retornam a estabilidade das alturas.
Mas existe um fato muito interessante sobre as águias. Elas sustentam o
voo dos filhotes até que eles aprendam a voar por si mesmos. Mas para isso os
filhotes precisam se esforçar batendo suas asinhas.
Elas jogam seus filhotes do alto do penhasco e os acompanham para que eles aprendam a voar sozinhos, dando sustentação aos primeiros voos voando por baixo deles. Quando os filhotes ficam cansados elas sustentam até que eles descansem e retomem seu voo. Com o tempo os filhotes aprendem a voar, caçar e se virar sozinhos e as Águias mães podem seguir em frente.
A auto sustentação
Quero chamar a atenção para a ideia de auto sustentação aqui levantada. A meu ver ela é o verdadeiro senso de Justiça, porque se você não tem capacidade de se manter em um determinado nível, não merece estar nele. Se você não é capaz
de sustentar um carro, uma casa ou uma relação emocional por exemplo, não
deveria ter o direito de ter tais coisas. Assim também se não é capaz de manter
sua própria saúde física e financeira, permanecendo eternamente dependente de
outros, não merece estas experiências. É verdade que podemos pedir ajuda e
sermos apoiados em momentos difíceis, mas assim que nos restabelecermos
deveremos prover nosso próprio equilíbrio no nível que desejamos permanecer.
Na alegoria das águias, imagine se elas tentassem ajudar um escorpião ou uma cobra em apuros levando-os para o alto. Certamente o tombo seria grande e a situação ficaria ainda pior.
Talvez seja por isso que muitas vezes nossas preces não sejam atendidas,
porque o que queremos não merecemos e se tivéssemos ajuda para conseguir
ficaríamos em uma grande enrascada.
O Auxilio invisível
Mas isso nos ensina que o ego precisa aprender ao mesmo tempo a se
sustentar, mas também a contar com a ajuda de algo maior, que permeia toda a
vida, como as águias mães, até que ele tenha condições de voar com segurança.
Isso é muito curioso e difícil para muitas pessoas entenderem. Porque
justamente aqueles que conseguem alcançar algo com seus esforços são
merecedores de ajuda e outros não? A mim isso me parece a mais bela forma de
Justiça. "A quem tem será dado, e de quem não tem será tirado."
Você pode até tentar escolher sozinho qual das taças contem vinho ou
veneno, estudando a situação e se esforçando para resolve-la. Talvez você até
acerte algumas vezes e outras você se de muito mal. Mas se você aprender a ver
a mão por traz da cortina as coisas irão ficar bem mais fáceis. Mas você não
vai mais poder ficar com todo o credito, é claro. Terá que admitir a parceria
com forças superiores.
E não importa o nome que se dê a estas forças, se você acredita que
existe apenas uma águia, se são três ou se são milhares de águias ajudando as
pessoas como auxiliares invisíveis. Não importa se você as chama de Deus,
Jesus, Buda, Tao, ou mesmo a essência das flores e dos mundos. O importante é
que reconheçamos que não estamos sozinhos e que a vida pode e deve ser mais
leve.
O desapego do eu
Podemos nos livrar deste peso imenso do ego que estamos carregando,
querendo resolver tudo sozinhos. Podemos nos livrar destas máscaras e cascas e
então flutuar nas alturas como as águias, não nos esquecendo que escorpiões e
serpentes não podem voar e por isso é preciso passar por esta transformação e
desenvolver suas asas.
Mas nós podemos nos esforçar para superar nossas limitações e conquistar
o equilíbrio nível após nível alcançando a capacidade de nos sustentar. E
assim, respeitando a justiça e construindo nosso caminho nós podemos até chegar
a grandes alturas, porque como as águias, fomos feitos para voar.
Mas não tenha pressa. Há um tempo de ser criança, e há um tempo de
amadurecer.
"Quando menino eu fazia coisas de menino, mas agora que sou um homem me interesso por coisas de homem."
Mas a leveza deste distanciamento permite maior envolvimento e aprofundamento nas questões da vida com participação mais ativa e eficiente nos destinos da humanidade.
O velho se torna então uma criança e a vida se revela uma grande e deliciosa brincadeira, iluminando seus encantos e mistérios nas pequeninas coisas.
Então talvez um dia, quando você estiver nas alturas com suas grandes asas abertas, flutuando com serenidade e equilíbrio, uma voz silenciosa, oriunda da grande águia mãe, ecoe no mais profundo silencio do seu ser:
“-Eu Sou”
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