Afrodite
A Deusa grega Afrodite, ou Vênus, para os romanos é a deusa do amor e da beleza e representa o legítimo desejo da alma pelo belo e perfeito. Afrodite não é a amante, ela é a beleza e a graça risonha, que fascina, que desperta o amor. O encanto da aparência que leva de forma irresistível atração e ao desejo. Na Guerra de Troia, segundo a Ilíada, Afrodite é consorte de Ares, deus da guerra, ódio e violência, e sob sua influência toma parte nos conflitos; O amor dos dois simbolizava o conceito de "opostos que se atraem" e a união ideal do homem e mulher. Ares representa a virilidade e por isto era perfeito para Afrodite que representava feminilidade.
Eros é citado como o amor apaixonado, sinônimo do desejo sexual. Para Platão este é o sentimento que procura o belo que é algo que nunca será satisfeito até desaparecer. Eros, se relaciona com a busca da beleza ideal, da verdade; assim, podemos dizer que o amor erótico transcende ao desejo físico. Eros, a Procriação, é a força de atração que viria a unir imortais e mortais entre si e uns com os outros; Talvez aí esteja o segredo da ligação da alma com a personalidade, da união dos mundos internos e externos.
Então Eros vira o deus do amor, filho de Afrodite e Ares, deixando de ter suas dimensões cósmicas , representado como um menino com asas, cujas flechas promovem as aventuras amorosas dos mortais. Eros está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. É corajoso, audaz e constante. Eros é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. O amor Eros representa o amor sexual, carnal, repleto de paixões inebriantes, a pura atração física, que manifesta o instinto de união e reprodução. Eros representa o amor pela beleza e a perigosa obsessão pelo amado e o prazer que ele traz. É o amor fundamental para a natureza, pois é a força primitiva da procriação e preservação da espécie. Eros é o tipo de amor mais perigoso dos três, pois se não vivido de forma equilibrada com Ágape e Philos pode trazer muita dor.
Amor Romântico
Mas há um fenômeno psicológico muito peculiar dos nossos tempos, o amor Romântico. Um amor que ganhou força em nossa civilização, o amor romântico, que não significa apenas amar alguém; significa “estar apaixonado”. Quando estamos “apaixonados”, acreditamos ter encontrado o verdadeiro sentido da vida revelado num outro ser humano. Sentimos que finalmente nos completamos que encontramos as partes que nos faltavam. A vida, de repente, parece ter atingido uma plenitude, uma vibração sobre-humana, que nos ergue acima do plano comum da existência. Para nós, estes são os sinais seguros do “amor verdadeiro”. Ele representa uma exigência inconsciente de que o nosso amado nos alimente continuamente com esta sensação de êxtase e de emoção intensa.
O ideal do amor romântico irrompeu na sociedade ocidental durante a Idade Média, surgindo pela primeira vez na literatura no mito de Tristão e Isolda, depois nos poemas e nas canções de amor dos trovadores. Era conhecido como “amor cortês” e tinha por modelo o intrépido cavaleiro que honrava uma bela dama e fazia dela a sua inspiração, o símbolo de toda a beleza e perfeição, o ideal que o incentivava a ser nobre, espiritualizado, refinado e voltado para assuntos “elevados”. Na nossa época introduzimos o amor cortês nos casamentos e nos relacionamentos sexuais, mas ainda mantemos a crença medieval de que o amor verdadeiro tem de ser a adoração extática de um homem ou de uma mulher que representa para nós a imagem da perfeição.
O mito de Tristão e Isolda foi retratado de diferentes maneiras na Idade Média. Tristão, excelente cavaleiro a serviço de seu tio, o rei Marcos da Cornualha, viaja à Irlanda para trazer a bela princesa Isolda para casar-se com seu tio. Durante a viagem de volta à Grã-Bretanha, os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágica, originalmente destinada a Isolda e Marcos. Devido a isso, Tristão e Isolda apaixonam-se perdidamente, e de maneira irreversível, um pelo outro. De volta à corte, Isolda casa-se com Marcos, mas ela mantém com Tristão um romance que viola as leis temporais e religiosas e escandaliza todos. Tristão termina banido do reino, casando-se com Isolda das Mãos Brancas, princesa da Bretanha, mas seu amor pela outra Isolda não termina. Depois de muitas aventuras, Tristão é mortalmente ferido por uma lança e manda que busquem Isolda para curá-lo de suas feridas. Enquanto ela vem a caminho, a esposa de Tristão, Isolda das Mãos Brancas, engana-o, fazendo-o acreditar que Isolda não viria para vê-lo. Tristão morre, e Isolda, ao encontrá-lo morto, morre também de tristeza.
O amor romântico é um desses fenômenos psicológicos realmente arrasadores que surgiram na história dos povos ocidentais. Foi algo que esmagou nossa psiquê coletiva e alterou permanentemente nossa visão do mundo. Ainda não aprendemos a lidar coletivamente com o tremendo poder do amor romântico. Frequentemente nós o transformamos em tragédia e alienação e não em relacionamentos humanos duradouros.
Jung nos fala que quando um fenômeno psicológico marcante acontece na vida de um indivíduo, isto significa que um tremendo potencial inconsciente está emergindo, prestes a manifestar-se ao nível da consciência. O mesmo é válido para as coletividades. Num determinado ponto da história de um povo, uma nova possibilidade surge do inconsciente coletivo; é uma nova ideia, uma nova crença, um novo valor ou, ainda, uma nova maneira de encarar o universo. Isto representa um bem em potencial, se puder ser integrado ao consciente, mas a princípio é assustador e até mesmo destrutivo.
Enquanto eros abarca desejo, a philia denota amizade, a lealdade à família, à comunidade, ao trabalho, É a ação praticada visando o bem de outro, ao invés de a si próprio. Faz as coisas por gentileza, sem ser convidado, e não proclama o fato de tê-las feito. Assim, a pessoa que melhor será capaz de produzir uma amizade, e portanto o amor philos, é de caráter bom e digno; Não é algo voltado ao auto-prazer ou imediatista, mas sim fruto da busca pelo nobre e virtuoso. Amor Philos é o amor fraternal, que envolve lealdade, igualdade e mútuo benefício, além de dedicação ao objeto amado. A dedicação desse amor pode chegar a ser mental, que está entre o espiritual e emocional. É o caso do amor pela sabedoria, que pode ser um meio de crescimento mental, intelectual e cultural. Esse tipo de amor se manifesta pela inquietude interior que impulsiona o ser humano a buscar uma sabedoria que o torará maior, mais nobre e digno de ser amado. Além disso, se manifesta como prazer pelo conhecimentos e cultura. Esse amor também se refere ao amor de amizade, que não monopoliza, não escraviza e não cria dependentes, quando se ama o outro da forma que ele é. Para o filósofo grego Epicuro, a amizade é o máximo que a sabedoria da felicidade pode proporcionar na vida.
Ágape É uma das diferentes palavras do vocabulário grego que significa amor. O termo já foi utilizado de várias maneiras diferentes por diversas fontes contemporâneas, inclusive em versículos bíblicos. O amor ágape está muito ligado ao amor divino, incondicional e com sacrifício. Ele também pode ser praticado por humanos, é o amor afetivo, isento de conotações sexuais, segundas intenções, malícias e interesses pessoais. Ágape define o amor de Deus para com os homens, e dos homens para com Deus - sendo extensivo também para o amor fraternal a toda a humanidade; envolve elementos de Eros e da philia, na medida em que procura por uma perfeição, uma paixão sem reciprocidade. É um elo entre eros e o ágape, pois como nele tal amor envolve paixão, admiração e desejos, que estão além dos cuidados e obstáculos terrenos.
Ágape é o amor do afeto e da satisfação, pois na fraternidade o amor se satisfaz por ser compartilhado e ter resposta. A satisfação de Ágape também diz respeito ao prazer por boa comidas e bebidas partilhados entre pessoas fraternas, formando assim um ambiente harmonioso. Na mitologia grega, Prometheus, que veio dos céus e tem o amor titânico pela terra, é um maiores exemplos da manifestação de Ágape.
Mas o autor do livro “O Monge e o Executivo”, James C. Hunter, falando através do personagem Irmão Simeão (um frei beneditino), explica que esse tipo de amor não é necessariamente um sentimento, mas sim um comportamento e que Jesus se referia a ele quando aconselhava aos discípulos a Amar seus inimigos e tratar as pessoas como gostaria de ser tratado. Ele amou seus discípulos com este amor ágape e lhes disse: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado”
Compaixão
Osho afirma em seu livro “ Compaixão, o florescimento Supremo do amor” que Gautama Buda criou uma linha divisória entre a meditação e a compaixão, porque na Índia a meditação era suficiente para a iluminação do ser. Buda ensinava a compaixão antes mesmo da iluminação, porque segundo ele, se a pessoa ficar muito extasiada em si mesma, até a compaixão vai parecer um obstáculo para a sua alegria e vai ser um tipo de perturbação em seu êxtase. Por isso existem centenas de pessoas iluminadas, mas poucos mestres. Gautama Buda não é só um ser iluminado, ele é um revolucionário iluminado. A preocupação dele com o mundo e com as pessoas é imensa. Ele ensinava a seus discípulos que, quando você medita e sente o silencio, serenidade, uma alegria profunda, não deve guardar isso só para si; ofereça ao mundo todo. E não fique preocupado, pois quanto mais você der, mais será capaz de dar.
Paulo define o amor em carta aos coríntios da seguinte forma: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte”; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor. ” Coríntios I, cap. 13; vers. 1 a 13.
Dizem que o amor é algo espontâneo, que não se pode controlar ou aprender, mas as Palavras de Paulo nos levam a um amadurecimento e despertamento na forma de ver e amar as pessoas e o mundo. Afrodite nos fala da necessidade da beleza e perfeição, anseio legítimo da natureza e busca pela expressão da vida, o reconhecimento de si mesma na diversidade das formas. Eros é a fonte do amor romântico, a em busca da forma perfeita, da reciprocidade nos relacionamentos, da suavidade do encanto nos modos e nos gestos, que faz um bruto se tornar cortês, uma dama delicada se sentir forte e amparada. O Amor fraterno e filantrópico surge com o amadurecimento do irmão mais velho que se curva pela compaixão diante da fraqueza e necessidade humana. Mas a medida que os olhos se abrem para Ágape, a beleza procurada é encontrada em outros cantos, o feio se torna belo, o simples se torna grandioso, o cotidiano se torna mágico e a beleza reluz de todo canto. A vida e sua diversidade se tornam então encantadoras em todas as suas formas e o amor resplandece em toda sua grandiosidade, revelando enfim, que o Amor é a própria Verdade.
Fontes :
We – A Psicologia do Amor Romântico – Robert Johnson
https://eduardomarcondes.wordpress.com/2010/04/08/o-mito-do-amor-romantico/
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