Temos tratado bastante sobre o Ocidente e o Oriente, então achei interessante falarmos dos Essênios, um povo que apresenta uma ligação significativa entre essas duas regiões da Terra.
Os essênios viviam em comunidades agrícolas, afastadas das aldeias e cidades. Seu estilo de vida era simples, cada indivíduo tinha direito a uma casa simples e a objetos adequados ao uso diário. Tanto a riqueza, como a pobreza, eram rejeitadas como algo anormal.
Os essênios viviam em sintonia com a natureza e com as leis naturais. Eles eram vegetarianos, os cereais se constituíam em sua alimentação básica. Eram mestres na arte de tornar a terra fértil, e transformavam desertos em bosques. Acordavam antes do raiar do dia, e sua primeira oração era dedicada ao sol, por isso muitos o chamavam de adoradores do sol. Após a oração, banhavam-se com água fria e tomavam a primeira refeição em silêncio. Trabalhavam até o anoitecer, quando se dedicavam à meditação e ao estudo dos ensinamentos sagrados.
Os essênios eram capazes de evitar a maior parte das doenças devido ao seu conhecimento das plantas e de ervas medicinais. Grande parte de seus ensinamentos referia-se à cura natural e espiritual. Eles também acreditavam nas propriedades curativas do ar, dos raios do sol, da água e da terra. Julgavam que viver contra as leis da natureza era um pecado que mais cedo ou mais tarde seria castigado com a doença. Segundo algumas fontes a palavra essênio significava "aquele que cura".
Os essênios eram de opinião que a ingestão de carne de animais assassinados tornam as pessoas sem sentimentos, nervosas, impacientes e propensas a doenças. Eles desconheciam o açúcar, mas é provável que o tenham rejeitado pelos mesmos motivos. Rejeitavam também as bebidas alcoólicas por motivo de saúde. Julgavam que comer em demasia era um grande perigo. A maior parte das refeições era consumida devagar e em silêncio, e eles jejuavam uma vez por semana.
Eles sabiam que as doenças psicossomáticas se desenvolvem quando se perde contato com as forças cósmicas. Com frequência se curavam, simplesmente, no ato de voltar a crer na fé, que haviam perdido em função de se rebelar quando contraíam a doença.
Ao contrário de todo o modo de pensar e de se comportar dos essênios, o nosso sistema recompensa os impulsos egoístas, enquanto os impulsos sociais são considerados mais fracos e perdem a sua importância.
Ente nós, cada qual tenta tirar o máximo proveito da comunidade, contribuindo o mínimo possível. Dessa forma, todos se tornam vítimas do sofrimento, não só os explorados, mas também os exploradores. Todos se tornam vítimas e prisioneiros do próprio egoísmo, sem que tenham consciência disso.
A mentalidade individualista voltada para a concorrência e para as posses, requisitada nas sociedades capitalistas, é causada por uma ênfase exacerbada dos valores yang.
Quando o princípio da livre iniciativa é levada ao extremo, a sociedade passa a ser composta por pessoas isoladas, dirigidas pelo dinheiro, e que não têm tempo para os outros. Só pensam no lucro, e para elas tudo se torna um meio para alcançar esse fim; suas amizades, sua sensualidade, seu sorriso e seu tempo. Tudo passa a ter um preço, até aqueles que as cercam.
No outro extremo desta escala encontram-se aqueles que vivem em sociedades regidas pelo socialismo, onde os anseios individuais são desconsideradamente submetidos às necessidades da sociedade. Elas são obrigadas a se adaptar à consciência coletiva e a dividir todos os seus bens com a coletividade. Geralmente isso está associado a um domínio extremo de valores yin. Extremos radicais devem ser rejeitados, pois, na prática, todas as sociedades têm expoentes coletivistas e individualistas, nas mais variadas combinações.
Uma certa dose de concorrência é desejável, porém esta deve ser equilibrada pela aptidão para um trabalho conjunto. O indivíduo deve ser livre mas, ao mesmo tempo, sentir-se honrado por pertencer a uma comunidade em que haja perfeito equilíbrio entre a prosperidade e a consciência social.
A palavra sinergia serve para definir a harmonia entre o indivíduo e a comunidade, que, como tudo na vida, pode ser benéfico e maléfico. À sociedade norte-americana, e à maioria das sociedades em todo o mundo, que sofreram e sofrem uma grande influência dos Estados Unidos da América, faltam essa qualidade sinérgica, predominando um conflito básico entre o indivíduo e a comunidade. Essa maneira de vida, em alguns casos, conduz à avidez criminosa e à busca insaciável pelo sucesso e pela riqueza.
A divulgação dessas práticas, acabou por nos fazer esquecer que muitas das boas coisas da vida não podem ser compradas. E, pior ainda, desaprendemos a participar ativamente da vida e a preencher o nosso tempo com o uso da criatividade.
Como sempre, não se trata de seguir um ou outro estilo de vida, mas valorizar o equilíbrio dinâmico entre o velho e o novo, entre o indivíduo e a comunidade, entre yin e yang.
O convívio com os essênios era uma prática natural naqueles que se preparavam para uma missão crística, como ocorreu com Pitágoras e Jesus, entre outros. Eles se retiravam do convívio com seus parentes e amigos, e viajavam ao Egito, onde se localizava a Escola Iniciática dos Essênios, e ali permaneciam durante anos, até concluírem o seu processo Iniciático.
Gilberto Gonçalves
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