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Comunhão Universal- Revista do pensamento abril, 1974

Comunhão Universal
Dr. João M. de Laceda Neto

Vivemos no universo de vibrações infinitas, dispostas em Planos de vivência definida, alguns de múltipla e recíproca influência.

Estudos tradicionais, enfrentando todas as vicissitudes e atritos do Tempo, chegados até nossa época sempre rejuvenecidos e atuais, demonstram a realidade de seus fundamentos e a robustez de tal ensino.

Dentre tais resistentes e sem desgastes, encontramos os ensinos dos Mestres do Oriente.

Hoje mencionaremos mais um desses gigantes do pensamento criador.

PATANJALI -a data de seu nascimento é desconhecida. Autoridades ocidentais atribuem-na entre 820 a 300 anos antes de Cristo, enquanto os indús localizam-na em passado muito mais longínquo _indo a 10.000 anos antes de Cristo. Naquela época, os ensinamentos eram transmitidos da boca ao ouvido _ como diziam.

Patanjali reuniu o que pôde e organizou o ensino de forma escrita. Talvez por isso seja considerado o fundador da Escola de Raja Yoga.

Os denominados "Aforismas de Patanjali" representam o ensino básico da Escola Trans-Himalaia, à qual pertence a maioria dos Mestres da Sabedoria. Alguns estudiosos afirmam que os essênios estão baseados no mesmo sistema e seus Instrutores foram preparados na mencionada escola.

O tema Raja-Yoga e os aforismos do seu fundador têm sido abordado por inúmeros autores, inclusive o Mestre Swami Vivekananda. Consideram a existência de quatro livros básicos:

1⁰. O problema da união_51 aforismos, constituindo um resumo do sistema Raja-Yoga.

2⁰. Passos para a união - 55 aforismos, onde trata dos meios para atingir essa almejada união.

3⁰. A união realizada e seus resultados_ 55 aforismos, onde focaliza os resultados obtidos pelo estudante que pratica com afinco e segue o itinerário.

4⁰. Iluminação _contendo apenas 34 aforismos, descreve as atividades da alma liberada e integrada.

Os aforismos são afirmativos, nos quais o autor condensou profundas verdades, que o estudante vai descobrindo, assimilando e desenvolvendo pelo estudo, prática e meditação.

Yoga significa união, e as variedades são os caminhos para alcançá-la. Hatha-yoga ou do bem-estar físico; Laya-yoga ou dos centros; Bhakti-yoga ou do desenvolvimento do corpo emocional, alicerce da atividade devocional e mística. Todas essas Yogas, para alguns autores, já tiveram sua época e preencheram suas finalidades. Na atualidade, o controle do corpo emocional e a disciplina da mente se alcançam pela Raja-Yoga, que significa a "Ciência Real da Alma", no conceito de Patanjali.

Todas as Yogas servem a um propósito útil, mas quem segue o itinerário da Raja, com práticas específicas, abrange, em escala mais avançada, os resultados das anteriores.

Nos tempos de Budha houve notável quantidade de homens que alcançaram a liberação mediante a auto-iniciação, formando uma grande reunião de Arhats, marcando a culminância do Oriente. Consideram que, daí para cá, o fluxo da vida espiritual se voltou para o Ocidente, cuja culminância se fará sentir nos anos 1965 a 2.025. Nesse propósito, os Mestres do Oriente e Ocidente trabalham juntos.

O estudo da Raja-Yoga como ciência, e as regras para desenvolvimento do homem integral, constituem os alicerces para esta etapa decisiva. Consoante essa ciência, o homem, como um todo unificado, desprendido e liberto de todos os véus, de todas as formas, nos três mundos, há de alcançar o estado de ser consciente e livre.

Há alguns anos passados tratamos aqui desses aforismos. Citaremos apenas um deles, o de n.º 17 do 3⁰ livro. Diz assim:

"O som (ou palavra), o que o mesmo denota, e a essência espiritual incorporada (a idéia), são usualmente confusos à mente do perceptor.Mediante a meditação concentrada sobre estes três aspectos, vem a compreensão (intuitiva) do som emitido por todas as formas de vida."

Comentar o assunto de novo é privar o estudante de suas possibilidades de encontro. A meditação concentrada há de ser feita, a fim de que o estudante, por si mesmo, reconheça e encontre a profundidade do ensino, sua amplitude universal abrangendo todos os nomes e formas, incluindo todos os estados de consciência, até alcançar a percepção intuitiva do som peculiar a cada forma de vida.

Convém não insistir neste tema de forma teórica porque o seu objetivo é prático, visa levar o estudante aos mais elevados estágios, exigindo condições excepcionais de vivência até atingi-los, quando, então, poderá retomar as atividades exteriores de forma tal que só alguns poucos poderão perceber a sua condição de Instrutor. O seu viver, seus pensamentos sadios, suas palavras de estímulo e amor, sua tolerância e compreensão, sua influência benéfica e restauradora são indícios reveladores.

E outros tantos estudantes, progressivamente, seguem o mesmo itinerário, formando os núcleos de mentes esclarecidas e devotadas às tarefas construtivas, usando os poderes despertos e adestrados pela prática da Raja-Yoga ou Ciência da Educação da Mente.

O valor desse ensino está na sua prática; é preparar-se física, emocional e mentalmente para expressá-los, manifestá-los. O aprendizado dentro desse objetivo não convida ao isolamento, ao devaneio interior, ao volver-se exclusivamente para dentro de si mesmo e fruir sozinho as messes e júbilos. Existem práticas para o controle das emoções, disciplina da mente, o despertar e desenvolver das mais elevadas faculdades, mas tudo isso não para exclusiva satisfação pessoal e sim para tornar-se um fator útil, dinâmico e positivo no convívio com os demais.

Sempre mencionamos a expansão da consciência. Essa expansão corresponde a sentir as situações dos semelhantes, dedicando tempo e energia a ajudá-los.
Essa tarefa é muito difícil, porque se há de evitar privar outrém de lutar por si mesmo, de deixar a auto-iniciativa estiolar-se; se há de evitar venha a tornar-se dependente, apático, passivo.

Toda ajuda há de ser em consonância com o ritmo da própria Natureza, que é expressão de Deus.

Ajudar a ajudar-se a si mesmo. Ajudar a recuperar energias e esperanças, a encontrar seus próprios valores e qualidades,abrindo caminho para usá-los na vida cotidiana.

O aprendizado espiritual, consoante a Filosofia Supermentalista, é levar o homem a realizar sua divina condição de ser espiritual, com simplicidade, sem fantasias. Desse reencontro resulta a Iluminação, no sentido clássico de sua realidade. Essa tomada de consciência faz retornar brando e na disposição de servir, de usar os poderes de sua mente no imenso trabalho de cooperação ativa no Plano dos Pensamentos Positivos.

Daí que a prática estabelecida pela nossa Augusta Ordem_ a Chave de Harmonia_ é magnífico trabalho de mútua cooperação, nos moldes mais transcendentais e de realidade espiritual, formando a comunhão universal de pensamentos concentrados no sacro Ideal de Harmonia, Amor, Verdade e Justiça.

Participando, partilhando e integrando-nos nessa comunhão, podemos compreender e sentir o som da vida universal.

Todo homem que acredita em Deus, no Homem e no Espírito é, fundamentalmente, um otimista.

Helen Keller

Fonte :

Revista do pensamento - Edição abril 1974

Título : Comunhão Universal - Dr. João  M. Lacerda Neto- pág 13

Comentários

  1. Fantástica mensagem, trazida por este Mestre.

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  2. Grata pela pastagem desta maravilhosa sabedoria.

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  3. Sim gostei muito.Quero aprender mais enquanto viver .

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