"Enquanto Tudo está n'O TODO é também verdade que O todo está em TUDO, Aquele que compreende realmente esta verdade alcançou o grande conhecimento – O CAIBALION"
Esta declaração aparentemente contraditória é reconciliável pela Lei do Paradoxo.
Os Ensinos herméticos afirmam, com efeito, que o TODO habita no seu Universo, e em cada partícula, unidade ou combinação, dentro do Universo. Em outras palavras, toda a virtude, vida, espírito e realidade da imagem mental é derivada da mente do pensador.
O Espírito do meu Criador está inerente em mim e, apesar disso, eu não sou ELE. Um exemplo aparentemente simplório, retrata esta realidade ´e a que se pode extrair do autor o criador de uma obra literária. Imaginem o Brás Cubas ou o Simão Bacamarte afirmarem que são Machado de Assis, quando são meros personagens de duas de suas obras.
E no grau em que o Homem realize a existência do Espírito que está presente no seu ser, ele subirá na escada espiritual da vida. Eis o que significa o desenvolvimento espiritual: o reconhecimento, a realização e a manifestação do Espírito dentro de nós. Procurem não se esquecerem desta última definição: a do desenvolvimento. Ela contém a Verdade da verdadeira Religião.
Os Preceitos herméticos referentes ao processo da Criação Mental do Universo são que, no começo do Ciclo da Criação, o TODO, em seu aspecto de Existência projeta a sua vontade sobre o seu aspecto de Estado, e o processo de Criação começa.
Dizem que o processo consiste no abaixamento da Vibração até que é alcançado um grau bem inferior de energia vibratória, até que se manifesta a forma mais grosseira possível da Matéria. Este processo é chamado Involução, em que o TODO está involuído ou envolvido dentro da sua criação. Este processo é considerado pelos hermetistas como tendo correspondência com o processo mental de um artista, escritor ou inventor, que também fica envolvido em sua criação mental, como quase esquecendo a sua própria existência que, por algum tempo, quase vive na sua criação.
Os antigos hermetistas usam a palavra Meditação, ao descrever o processo da criação mental do Universo na Mente do TODO, sendo que a palavra contemplação é frequentemente também empregada.
Os Ensinamentos herméticos, quando tratam do processo de Evolução, são que o TODO, após ter meditado no princípio da Criação e estabelecido os fundamentos materiais do Universo, e tendo pensado na sua existência, vai despertando gradualmente da sua Meditação e assim começa a manifestar o processo de Evolução. Então, o movimento de ascensão começa, e tudo começa a mover-se para o Plano Superior Espiritual.
Aos poucos, a matéria torna-se menos grosseira; nascem as Unidades; as combinações começam a formar-se; a Vida aparece e manifesta-se em formas cada vez mais elevadas; e a mente torna-se cada vez mais evidente; as vibrações sendo constantemente mais elevadas.
Em resumo, o processo total da Evolução, em todas as suas fases, começa e procede de acordo com as Leis estabelecidas. Enquanto para a humanidade, o processo dura milhões de anos, para o TODO é simplesmente como um piscar de olhos.
Muitos estudiosos perguntam: por que o TODO criou o Universo? Muitos já se esforçaram para encontrar resposta a essa pergunta. Muitas foram as divagações, mas nada que possa ser considerada uma resposta digna.
O melhor é afirmar que o TODO age porque age, e ponto final. Enfim, o TODO é toda Razão em si mesmo, é toda lei em si mesma, toda Ação em si mesma. O ideal é afirmar-se que o TODO é a sua própria Razão, a sua própria Lei, a sua própria Ação, ou que tudo isto é uma coisa única.
A realidade é uma só, que enquanto Tudo está n'O TODO, é também verdade que o TODO está em Tudo. E podemos repetir a citação das palavras iniciais, como conclusivas: "Aquele que compreende realmente esta verdade alcançou o grande conhecimento".
Gilberto Gonçalves
Esta ideia do autor e seus personagens nos remete a pensar em nossas próprias vidas, porque também somos autores de nossas histórias.
Criamos as vezes diversos personagens e participamos de várias histórias diferentes, as vezes como protagonistas de nossas histórias, em outras como coadjuvantes de outras histórias.
Assim parece que o nosso personagem extrapola a capa dos nossos livros pessoais e tentamos imitar o grande autor e participar de alguma forma de outros livros em sua biblioteca, na esperança que ele nos de outra história onde possamos ser protagonistas.
No entanto, podemos criar livremente sem perceber, ou nos tornarmos conscientes de nossos personagens e interagir com o autor, buscando compreender suas intenções editoriais para nossos livros, dando nosso toque pessoal na história.
João Sérgio
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